Monday, January 29, 2007

Dos parênteses iluminados

"No séc. XVIII viveu na França um homem que pertencia à galeria das mais geniais e detestáveis figuras daquele século nada pobre em figuras geniais e detestáveis. A sua história é contada aqui. Ele se chamava Jean-Baptiste Grenouille e se, ao contrário dos nomes de outros geniais monstros como, digamos, Sade, Saint-Just, Fouché, Bonaparte, etc., o seu nome caiu hoje no esquecimento. Isto certamente não ocorreu porque Grenouille tenha ficado atrás desses homens das trevas mais famosos em termos de arrogância, desprezo à raça humana, imoralidade, ou seja, em impiedade, mas porque o seu gênio e a sua única ambição se concentravam numa área que não deixa rastros na história: o fugaz reino dos perfumes."

(O Perfume - História de um Assassino, 1985)

Agora não está mais esquecido! Finalmente saiu o filme d'O Perfume. Um filme? Não, não é só um filme; é a representação visual aproximada de tudo que se esperava de um livro sobre perfumes. E, bom, de visual, eles entendem.
Não o vi ainda, pois moro em Florianópolis, e isso significa que provavelmente chegará antes em dvd do que no cinema. Portanto, sem críticas ao filme em si. Mas quanto ao livro, ele conquista na primeira página. E mantém o mesmo primor de escrita durante as próximas 200 e poucas.

O autor, Patrick Süskind, é alemão, vive em Munique e não dá entrevistas. Escreveu mais alguns contos, novelas e teatros. Não faço idéia do que ele pensa sobre O Perfume, sua obra-prima, super aclamada. Mas tenho a impressão que Grenouille o assombra em sonhos...

Süskind só peca em uma coisa: ter escrito A Pomba. Quase perdi meu respeito por ele. Mas pelo menos a capa do livro é uma pintura do Magritte. E eu queria que existisse uma capa d'O Perfume, pode ser edição comemorativa mesmo, com obra do Caravaggio. Combina...

Agora é esperar chegar em dvd! Aceito doações de pôsters!


Encontrado em: http://www.parfum.film.de

Monday, January 22, 2007

Dos bairrismos redundantes

Minha constatação de hoje é que toda música bairrista é repetitiva e irritante.

Li semana passada O País do Carnaval, de Jorge Amado – inclusive, um cara notoriamente bairrista – e isso me levou a prestar atenção em uma cantoria do rádio que ia assim: “São Salvador, Bahia de São Salvador...” e até cheguei a desejar ter ouvido desde o começo a tal musiquinha, que tinha um ritmo frenético como qualquer escola de samba e uma intérprete competente.

Ledo engano! A música não tinha começo nem fim! Era simplesmente a repetição dessa frase, em diferentes tons; apenas isso, com algumas variações sobre o Senhor do Bonfim ou o negro e o mulato.

É como outra música, sobre São Paulo, que não diz nada além de “São Paulo, meu amor”.

Alguém já ouviu essa? Tomara que não...

Monday, January 15, 2007

Dos pensamentos textuais

"Encontramos sua conta de usuário e acabamos de lhe enviar uma mensagem de e-mail com informações adicionais sobre como recuperar a sua senha."

Ok, ok.. essas são as frustrações de quem cria um blog atrás do outro. Ainda bem que o blogger me trata como uma louca que não sabe onde deixou as chaves, nem lembra o próprio nome, e resolve tudo pra mim.

Hoje eu ia escrever sobre outra coisa, mas esqueci também o que era. Eu só lembro que tinha a ver com a Paula, e sobre a mania que dividimos de pensar as coisas como textos em algumas fases da vida. Mas não era bem disso que eu ia falar. O problema de você ter pensamentos textuais é que seu cérebro se desfaz desses rascunhos antes de você ter tempo de pegar uma caneta e anotá-los. Quando eu era mais nova, era impossível! Tinha idéias de texto assim (tlec - o estalo de dedos), toda hora. Eu vou colocar um aqui então pra fingir que hoje escrevi alguma coisa de útil. Esse texto tem no mínimo seis anos. E obviamente é uma ficção. Lá vai:

Você imagina uma montanha. Eu penso num penhasco. Você quer que estejamos sempre juntos. Pensar em você me cansa. Você precisa de mim. Eu aturo sua presença. Você quer rosas, eu gosto de cravos. Você branco, eu preto. Você cinza, eu marrom. Não precisa ser o maior dos contrastes. Só precisa discordar. Nem sei bem se foi você quem começou. Mas é sempre em você que ponho a culpa. É sempre você que associo a erros. O fato de eu escrever agora, o que é um grande erro e tamanha perda de tempo, é culpa sua.
Você joga na cara, eu disfarço. Você se abre, eu me enrolo. Você fala, eu escrevo. Se um dia você souber, eu nego. Se você sorrir, eu não ficarei triste. Simplesmente serei ponderado. Estarei rindo por dentro. Rindo de nervoso. Eu nervoso. Eu sempre nervoso. Eu sempre vou te amar. Mesmo que sempre me recuse a admitir.

Friday, January 12, 2007

Das pendências de ano-novo... e dos blogs abandonados

Já começo este blog abandonando outro. Isso é realmente muito estranho...
Ontem criei um blog, não gostei -e não gostaram -da cara dele, e agora aqui estou eu.
Sem paciência pra escrever, com preguiça de levantar pra acender a luz, com preguiça de pensar.
Não vou me dar ao lixo de transportar o q escrevi ontem para este blog, então começamos este assim mesmo, sem posts!
Amanhã eu penso melhor.. talvez até faça outro blog!